quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Doce engano

Eis que em alguma promoção qualquer, meses atrás, compro um livro que tem mais de três milhões de cópias, “O Guardião de Memórias”. Ressabiado com grandes números de vendas como referência, tentando me esquecer da leitura de “O Código Da Vinci”, acabo temendo pelo pior.

Como já foi dito, os livros de auto-ajuda resolvem todos os seus problemas enquanto você os está lendo, e nenhum quando você termina de ler. São mais ou menos o axé, o pagode, o funk da literatura. Não é à toa que vendem mais.

E quando abro o “Guardião”, pulula um folheto colorido de outras obras que fecham o ciclo do meu temor.
Não sei se sou capaz de demonstrar claramente o que quero dizer, talvez o título das obras também faça o leitor me compreender.

Peça e será atendido”, “Você é o líder da sua vida”, “O motorista e o milionário – uma história sobre as escolhas que nos levam ao sucesso ou ao fracasso”, “Fique mais jovem a cada ano”, “Abrace seus clientes”, “Desenvolva sua inteligência emocional”, “O sucesso é mais simples do que você pensa”, “O que aprendi com meu carteiro sobre o trabalho e a vida”, “Amigos de verdade” (na capa um cão e um gato), “O monge e o executivo – uma história sobre a essência da liderança”, “Transformando suor em ouro”, “O que toda mulher inteligente deve saber”, “Jesus, o maior psicólogo que já existiu”, “Os segredos da mente milionária”, “Como se tornar um líder servidor”, “Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?”, “Como conquistar as pessoas”, “Desvendando os segredos da linguagem corporal”, “Dez leis para ser feliz”, “Seja líder de si mesmo”, “Jesus, o maior líder que já existiu”, “O poder da paciência”, “Por que os homens mentem e as mulheres choram?”, “Não leve a vida tão a sério”, “Enquanto o amor não vem”, “O poder do agora”, “As regras do trabalho”, “As cinco pessoas que você encontra no céu”, “A última grande lição – o sentido da vida”, “Como se tornar mais organizado e produtivo”, “Networking: desenvolva sua carreira criando bons relacionamentos”, alguns livros de Dan Brown (autor que, como já disse, tive o desprazer de ler) e muitos livros de Augusto Cury (autor que jamais terei o desprazer de ler).

Prestes a pedir uma sacola de vômito, escondo o encarte dentro do livro e começo a lê-lo com uma orelha atrás da pulga.
E para minha surpresa... a obra é muito boa! Com uma atmosfera ora tensa, ora triste (como parece ser moda).

Bem que eu queria ter doces enganos como este mais vezes.
Não é tão comum, infelizmente.

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