terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Pétalas ensanguentadas

¿Como se segue uma sina
Senão seguindo os cromossomos?
¿Como tudo sempre termina
Senão deplorando o que somos?

¿Faz sentido numa roda qualquer
Falar sobre o que bate tão fundo?
Haverá espaço para reclamar
Mas não é assim que se muda o mundo

Caem pétalas ensangüentadas
Fingimos que não vimos nada
As lágrimas secam nas cidades
Só voltando a marejar em avançada idade

A laboriosa luta de um povo
Pode ser singelamente desprezada
O descoco dos ignotos
Vampiros da massa explorada

Quando o rio não chega ao mar
O mar chega até o rio
Por mais que tenhamos sede
Sempre a desculpa do estio

¿Se estamos no cativeiro
Onde encontraremos harmonia?
¿Sobre caudaloso chuveiro?
¿Nos olhos de uma guria?

Inconclusas respostas
Sempre com um porém
Sabemos que cumprimos ordem
Sem saber de onde elas vêm

Mil e um alvos perto de você
Mil pessoas ao seu redor
Não há jogo sem um a perder
Não há cadeia que possa ser maior

Mesmo que nada temas
Há uma sombra te perseguindo
Cabe a nós nos livrarmos das algemas
E atacar quem sempre esteve rindo

Não da própria desgraça
Mas da miséria alheia
Vivendo em outro mundo
Sem ver que tudo em volta incendeia

Diariamente vão nos dizendo
Que é isto a que temos direito
Mas há algo que estão escondendo
Temem que façamos o que deve ser feito

Por mais que sentem sobre as cinzas de tantos
Supondo que sempre seremos otários
Não me basta só o olhar da guria
Só me saciará a vitória dos proletários

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