terça-feira, 5 de abril de 2011

Ciscos e traves

É claro que o Velho Testamento é escrito de maneira altamente metafórica – o que não perdoa, claro, alguns dos que o escreveram/participaram das histórias de serem condenados ao inferno, basta lê-lo para saber das atrocidades ali contidas.

Porém, levando em conta ao pé da letra o que está escrito (como quem escreveu gostaria que entendêssemos), alguns questionamentos insuflam-me a mente: ¿será que Deus, em sua infinita sabedoria, teve alguma dúvida de que Adão e Eva comeriam o fruto proibido?

E, um passo mais adiante: ¿caberia a nós, também cheios de falhas, atirar a primeira pedra no casal pecador?

2 comentários:

Anônimo disse...

Aqui não estou em defesa de religiões ou qualquer outra coisa. Desejo apenas contribuir com a discussão fomentada pelo amigo Doney. O que achas do livre arbítrio? Mesmo Sabedor da possibilidade, conferiu ao casal tal prerrogativa: ser seduzido e comer o fruto proíbido. Com estas ações temos a vida hoje terrena. Liberdade de ação, uma das características que ainda buscamos em nossa querida nave mãe contribuiu para que deixássemos nosso paraíso para buscar o pão com o suor do próprio rosto. Pode?

Doney disse...

Companheiro, julgo que o livre-arbítrio nos seja essencial, porém, não foi sobre ele que tratei na postagem, e sim que, por ter prévio conhecimento das emoções, limitações necessidades e desejos que condicionam o ser humano, Deus já saberia que Adão e Eva (a sua imagem e semelhança) comeriam, dentre toda a fartura que lhes era disponível, justamente aquele único fruto proibido – que, claro, por ser proibido, era o mais tentador.
Porém, mudando de assunto para escrever sobre o que dizes, creio que o livre-arbítrio no caso, é relativo, pois a curiosidade, o desejo, o interesse pelo desconhecido e pelo proibido são características humanas, de modo que o erro do casal, a despeito de ser deliberado, foi um erro condicionado. Eles tinham tudo pra errar. E se Deus não soubesse que o fariam seria imaginar uma inocência impensável no ser criador.
E mesmo estes erros (pecados) são bem relativos, pois, como já disse, dado que fomos criados à sua imagem e semelhança, algumas características bem comuns e indesejáveis nos seres humanos só podem ser, seguindo as próprias escrituras, erros dos quais o Pai Celestial também não escapa.