domingo, 30 de dezembro de 2012

Arte digital - por Elena Dudina (Abduzeedo)

Aforismo CX

     A ideologia do observador ditará como ele avalia o rebelde que luta: se como terrorista ou revolucionário.

Fotografias - por Luka Klikovac (Cruzine)




Frase do ano (3)

Por: Tutsplus (Psd-dude)
     Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma.” – Joseph Pulitzer


     Poderia ser a frase do ano, se não fosse tão antiga, se não fosse tão adequada a tantos e tantos anos.



     Tenho alguma dúvida se a imprensa formou, ou apenas se aproveitou de um público que é assim. Sua responsabilidade, no entanto, é a mesma.

     Não descreverei aqui todos os motivos que poderiam comprovar como esta frase é verdadeira (o Política Nada Imparcial já da conta do recado), dividirei apenas um exemplo, descrito mais adiante.


     A imprensa pode causar mais danos que a bomba atômica. E deixar cicatrizes no cérebro”, diz outra célebre frase, esta de Noam Chomsky.



     Quanto ao público, por mais que eu me esforce, não consigo compreender de outro modo, quem assiste a um programa destes e não se espanta, não se irrita, não se antagoniza ao que lhe esta sendo vomitado, tornou-se um acéfalo completo. Não percebe também que quando lê determinados veículos de comunicação (Época, Veja, Folha, Globo, Estadão, etc.), sai mais burro e ignorante depois da leitura do que antes de tê-la começado.



     O exemplo que gostaria de citar ocorreu enquanto eu corria na esteira da academia, onde há uma televisão postada na frente da mesma, que estava ligada na Globo. Passa o Domingão do Faustão, programa já tão e tão criticado, batido, massacrado, mas que continua a dar boa audiência (¡¿por que não me espanto?!), tanto que se mantém na programação ao longo de mais de duas décadas.

     O programa do Faustão acaba e, aí sim vem o pior, pois o próximo que começa é um programa que se julga sério, que se propõe a informar, mas o que se vê são só as mais extraordinárias parvoíces. Muito sensacionalismo, temperado com desinformação, alienação e irrelevâncias de toda ordem. Isto no programa para informar, a revista eletrônica – imagina só as novelas, aquelas fábricas para adestramento de saguis.



     Vendo a larga audiência, e como a ideologia terrível regurgitada diariamente é internalizada pela ampla maioria da população, só posso concluir que a imprensa marrom venceu: de fato conseguiu formar um público tão vil como ela mesma. Fantástico.



P.S: Poderia até dizer algumas palavras esperançosas, afinal, amanhã é outro dia, o sol nascerá novamente, outra realidade poderia começar, bastaria eles assim desejarem. Porém, não nutro esperança nenhuma quanto a uma melhora da imprensa tupiniquim. Citando Frederico Barros: eles não aprendem, não esquecem e não perdoam.

Arte gráfica - por Psdvault

Frase do ano (2)

     Estava embarcado na plataforma e um companheiro de um barco que estava próximo teve um princípio de enfarte. Solicitaram a subida do enfermo à bordo para que tivesse atendimento pelo técnico de enfermagem, no que foram atendidos.
     Como seu transbordo foi feito já no lusco-fusco, seu retorno somente dar-se-ia no dia seguinte (por questões de segurança, só se transborda à noite por cesta em casos extremos).


     Calhou que o profissional, bastante assustado e nada ambientado com o ambiente da plataforma, veio pernoitar no camarote em que eu estava hospedado.



     Eu estava bem envolvido na leitura de um livro (¡milagre!), mas ele puxava papo a todo momento, com uma carência enorme, necessitando conversar com alguém. Larguei então a obra e comecei a dialogar com o companheiro.

     Porém, a medida em que conversávamos, o papo foi tomando um rumo mórbido, a respeito de problemas de saúde, doenças, mortes, num tom seriíssimo, muito mais do que pesado. Por mais que tentasse me desvencilhar, ele puxava novamente assuntos sombrios, num clima horrível.
     Tentando sair daquele contexto, o orientei a tomar banho com a toalha disponibilizada no camarote; mesmo que não houvesse trazido roupa, ao menos poderia tomar banho e vestir os mesmos trajes com que veio.
     O colega então, num tom onde se detectava facilmente o pesar e a tristeza de um lado, o gélido e o fúnebre do outro, me responde de chofre:
- Não, eu já tomei banho no barco. Pensei comigo: seu eu vou morrer, ao menos vou morrer com dignidade, vou morrer com meu corpo limpo.


     Bem, aí foi o fim, ultrapassou os limites da minha inteligência emocional, saí do camarote – na verdade fugi do camarote – desejando uma boa noite e só retornei quando era bem tarde, já com a certeza de que ele estaria dormindo.

     Foi demais pra mim.

Deusa do rio Luo - por Yuehui Tang (Arte digital - Coolvibe)

Aforismo CIX

Contra a teimosia não há argumento.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Arte digital - por Maja Vuckovic (Inspiration Hut)

Micos perdidos no tempo

1 - Antes de começar a trabalhar, a pindaíba era deveras ferrada. Estava eu na escola e uma professora me pede:
- ¿Você compra um pacote de pipoca pra mim?
     Aquilo me desarmou totalmente, eu não tinha um centavo, só andava com o passe escolar no bolso, a situação financeira era realmente crítica:
- Professora, ¡¡¡mas eu não tenho dinheiro nem pra mim!!! – disse, com toda ênfase e inocência possíveis.
- Não, é só pra você ir buscar, eu te dou o dinheiro.
     (É claro que o diálogo tinha de ocorrer na frente de vários colegas.)
     Vendo o espanto com que eu a respondi, ela entendeu meu sofrimento e me ofereceu dinheiro para que eu comprasse um pacote de pipoca pra mim, também.
Evidentemente só comprei o dela.


2 – Estou eu em um avião lendo (ótimo lugar pra leitura), mas um senhor que estava ao meu lado puxa papo, ignoro o livro e o escuto. Conversamos um bom tanto (o voo era extenso) e lá pelas tantas ele puxa o livro que estava lendo e começa a me mostrar trechos dele, me pergunta minhas opiniões sobre os assuntos ali referidos. Vamos debatendo, vou apontando o que discordo e o que concordo das ideias contidas na obra.

     Ele então me mostra um trecho que julgo particularmente desfavorável:
- Ah, mas isto aqui não dá, o autor enrolou, ¡encheu linguiça!
     No que ele responde, para meu desespero:
- O autor do livro sou eu.


3 – Meio boquirroto que sou na hora de fazer piadas (o meio vem da minha auto-indulgência), lido com uma menina contra a qual recaíam insinuações de que seria lésbica (para alguns ignaros, absurdo de marca maior). Bem, tanto pelo fato de não ver nenhum problema nesta orientação sexual, quanto por acreditar, pelos trejeitos, roupas e que tais da menina que eram mentiras direcionadas contra ela, resolvo levantar a bola pra ela cortar (de fato cortou, mas em outra direção), pergunto na lata:

- É verdade que você cola o velcro, que bota as aranhas pra brigar?
     Para constrangimento mútuo, ela não soube o que responder: era verdade.

Fotografia - por Richard Nicoll (site homônimo)

Frase do ano

     Um bom amigo me liga e diz:
- Para todos os efeitos estou com você agora.
     Quando ia perguntar sobre o que ele estava falando, um flash maldoso me percorre a mente e respondo:
- Você tá aprontando, né, caboclo?
- Fica tranquilo, ninguém vai te ligar ou te procurar, é só pra constar, mesmo.


     De fato, ninguém ligou.




P.S: a quem quiser saber quem foi, pode preparar o pau-de-arara, a roda, o boticão, as agulhas ferventes que se enfiam embaixo da unha, as mãos para os “telefones”, os fios para os choques elétricos, os tonéis para afogamento, etc.: só sobre tortura abro o bico.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Da serie constatações

     De fato os fãs de Star Wars são capazes de feitos incríveis.
     Imagina então o que eles fariam se os filmes fossem bons...