domingo, 28 de dezembro de 2008

Quase dois aforismos

Não ingresso numa luta pela certeza da vitória, mas pela justiça da causa.
Não é pra me tornar um herói. É somente pra dormir em paz.

P.S: Esta ideia foi exposta no presente. Acredito que no pretérito, bem caberia como epitáfio.

O silêncio como resposta

Estava eu andando pela minha rua, passo por uma igreja minúscula, onde um pastor fala em um microfone. É claro, não cabe rezar, tem que gritar, tem que estrondar, tem que atordoar, tem que fazer com que o som chegue literalmente aos céus, como se Deus fosse surdo.

E, enquanto andava, ouvi as palavras do pastor, não exatamente estas, mas com este sentido:
- Esta noite, Deus me deu autoridade para estar aqui e promover a cura.
Tratava de doenças, pelo resto das palavras que captei.

E, perante a tamanha ignorância, de quem falava e especialmente, de quem escutava candidamente, eu não soube o que dizer.

Dúvida cruel

¿Onde o Vingador, do desenho Caverna do Dragão, perdeu um dos chifres?

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Ainda sem perdão

Bem, tenho de admitir. Os últimos três filmes que assisti com Leonardo Di Caprio foram muito bons: Os Infiltrados, Diamante de Sangue e Rede de Mentiras.

Entretanto, ele ainda não está perdoado por causa de Titanic.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Pétalas ensanguentadas

¿Como se segue uma sina
Senão seguindo os cromossomos?
¿Como tudo sempre termina
Senão deplorando o que somos?

¿Faz sentido numa roda qualquer
Falar sobre o que bate tão fundo?
Haverá espaço para reclamar
Mas não é assim que se muda o mundo

Caem pétalas ensangüentadas
Fingimos que não vimos nada
As lágrimas secam nas cidades
Só voltando a marejar em avançada idade

A laboriosa luta de um povo
Pode ser singelamente desprezada
O descoco dos ignotos
Vampiros da massa explorada

Quando o rio não chega ao mar
O mar chega até o rio
Por mais que tenhamos sede
Sempre a desculpa do estio

¿Se estamos no cativeiro
Onde encontraremos harmonia?
¿Sobre caudaloso chuveiro?
¿Nos olhos de uma guria?

Inconclusas respostas
Sempre com um porém
Sabemos que cumprimos ordem
Sem saber de onde elas vêm

Mil e um alvos perto de você
Mil pessoas ao seu redor
Não há jogo sem um a perder
Não há cadeia que possa ser maior

Mesmo que nada temas
Há uma sombra te perseguindo
Cabe a nós nos livrarmos das algemas
E atacar quem sempre esteve rindo

Não da própria desgraça
Mas da miséria alheia
Vivendo em outro mundo
Sem ver que tudo em volta incendeia

Diariamente vão nos dizendo
Que é isto a que temos direito
Mas há algo que estão escondendo
Temem que façamos o que deve ser feito

Por mais que sentem sobre as cinzas de tantos
Supondo que sempre seremos otários
Não me basta só o olhar da guria
Só me saciará a vitória dos proletários

Aforismo XLIII

Quem nos dera que plutocracia fosse o regime de governo no qual o poder emana do cachorro do Mickey.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Doce engano

Eis que em alguma promoção qualquer, meses atrás, compro um livro que tem mais de três milhões de cópias, “O Guardião de Memórias”. Ressabiado com grandes números de vendas como referência, tentando me esquecer da leitura de “O Código Da Vinci”, acabo temendo pelo pior.

Como já foi dito, os livros de auto-ajuda resolvem todos os seus problemas enquanto você os está lendo, e nenhum quando você termina de ler. São mais ou menos o axé, o pagode, o funk da literatura. Não é à toa que vendem mais.

E quando abro o “Guardião”, pulula um folheto colorido de outras obras que fecham o ciclo do meu temor.
Não sei se sou capaz de demonstrar claramente o que quero dizer, talvez o título das obras também faça o leitor me compreender.

Peça e será atendido”, “Você é o líder da sua vida”, “O motorista e o milionário – uma história sobre as escolhas que nos levam ao sucesso ou ao fracasso”, “Fique mais jovem a cada ano”, “Abrace seus clientes”, “Desenvolva sua inteligência emocional”, “O sucesso é mais simples do que você pensa”, “O que aprendi com meu carteiro sobre o trabalho e a vida”, “Amigos de verdade” (na capa um cão e um gato), “O monge e o executivo – uma história sobre a essência da liderança”, “Transformando suor em ouro”, “O que toda mulher inteligente deve saber”, “Jesus, o maior psicólogo que já existiu”, “Os segredos da mente milionária”, “Como se tornar um líder servidor”, “Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?”, “Como conquistar as pessoas”, “Desvendando os segredos da linguagem corporal”, “Dez leis para ser feliz”, “Seja líder de si mesmo”, “Jesus, o maior líder que já existiu”, “O poder da paciência”, “Por que os homens mentem e as mulheres choram?”, “Não leve a vida tão a sério”, “Enquanto o amor não vem”, “O poder do agora”, “As regras do trabalho”, “As cinco pessoas que você encontra no céu”, “A última grande lição – o sentido da vida”, “Como se tornar mais organizado e produtivo”, “Networking: desenvolva sua carreira criando bons relacionamentos”, alguns livros de Dan Brown (autor que, como já disse, tive o desprazer de ler) e muitos livros de Augusto Cury (autor que jamais terei o desprazer de ler).

Prestes a pedir uma sacola de vômito, escondo o encarte dentro do livro e começo a lê-lo com uma orelha atrás da pulga.
E para minha surpresa... a obra é muito boa! Com uma atmosfera ora tensa, ora triste (como parece ser moda).

Bem que eu queria ter doces enganos como este mais vezes.
Não é tão comum, infelizmente.

Aforismo XLII

¿O que é um keynesiano, senão um marxista covarde?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

As cobras

Os policiais militares continuamente se voltam contra o próprio povo do qual fazem parte.
Assemelham-se demasiado aos antigos capitães de mato que, apesar de negros, caçavam, maltratavam e humilhavam os da sua cor.

É como uma cobra que devora o próprio rabo.

Que sina.