quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Himalaia - por Eric Valli (Fotografia)

Considerações sobre o feminismo

- Ela é contra o feminismo, mas não quer apanhar do parceiro.
- Ela é contra o feminismo, mas quer ter a oportunidade de trabalhar, estudar, se emancipar, ter uma vida independente, sem ser submissa a homem nenhum.
- Ela é contra o feminismo, mas não quer ser escrava do seu pai ou do seu marido.
- Ela é contra o feminismo, mas não quer ser chamada de vadia porque dormiu com mais de um homem.
- Ela é contra o feminismo, mas não quer que ninguém a domestique.
- Ela é contra o feminismo, mas quer votar e ter a possibilidade de ser votada; quer exercer na plenitude sua cidadania.
- Ela é contra o feminismo, mas acha que as mulheres têm o direito, a competência e a grandeza para ocuparem postos de liderança empresarial, social e política.

E mais mil e um exemplos similares.

Em resumo, ela é contra o feminismo, mas sequer sabe o que é o movimento, sequer sabe que apóia todas as suas principais causas. 
Na verdade, de maneira ironicamente trágica, as (poucas, quero crer) mulheres que são contra o feminismo usufruem das conquistas das feministas, são beneficiárias delas, são legatárias delas e como recompensa por isso, desabonam, se insurgem contra quem luta por elas mesmas (!).
Não é, portanto, que as anti-feministas apenas cospem no prato que comeram: elas cospem no prato que estão comendo, posto que diariamente usufruem de direitos mínimos conquistados por este movimento. 
Ao invés de lutarem pelas pautas ainda não atingidas pelo movimento (a opressão financeira promovida por alguns maridos, agressões, o feminicídio, o machismo, o fato de no geral não receberem a mesma remuneração mesmo quando possuem igual qualificação, etc.), não. Algumas se abstêm, ou ainda atacam quem as defende.

Quando vejo algum homem atacar o feminismo, só lamento ao ver uma pessoa defender despudoradamente seus privilégios, defender um sistema injusto que oprime, explora e subjuga a mulher. Mas quando vejo uma mulher criticando o movimento feminista, eu simplesmente desacredito dela. Em última instância, não creio realmente que exista alguma mulher contra o feminismo, creio que as que assim o afirmam são apenas ignorantes. É só isso.
Porque ninguém em sã consciência atira deliberadamente no próprio pé.


P.S.: há um candidato a presidência que diz que pagaria uma remuneração menor, sim, a uma mulher? Por que? Apenas pelo fato de ela ser mulher.
E o tal candidato, pasmem, tem muitas eleitoras.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Papel de Parede - por New Evolution Desings

O mundo ao avesso

     Uma das múltiplas formas com que se pode reconhecer que o mundo está ao avesso é quando verificamos que há roqueiros mais caretas, mais conservadores, mais reacionários que o próprio Papa.
     É inacreditável.

Castle Rock, Castlepoint, Wairapa - por Chris Gin (Fotografia - site homônimo)

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Aforismo CXXII

Eu não namoraria uma menina que me namoraria.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Planeta bola

     Eduardo Galeano, no delicioso livro Futebol ao sol e à sombra, relata a pergunta de uma jornalista à teóloga alemã Dorothee Solle:
     “– Como a senhora explicaria a um menino o que é a felicidade?
     – Não explicaria – respondeu. – Daria uma bola para que jogasse.”

      Pois bem, aqui vemos este conceito materializado numa imagem.

Alpes de Algovia, Bavária, Alemanha - por Fabian Krueger (Fotografia - site homônimo)

terça-feira, 2 de maio de 2017

O que ilumina também ofusca

É interessante notar que em Gn 15,5, Javé leva Abrão (depois renomeado Abraão) para fora da tenda e, num jogo com as palavras, o desafiou a contar as estrelas se pudesse. Em seguida, afirmou ao pastor que sua descendência seria tão farta quanto elas.
Muito tempo se passou e hoje, sob vários aspectos, não vemos os mesmos céus que os antigos viam.
Se avançamos muito em quase todas as áreas, especialmente nas possibilidades de maior conforto, por outro lado eventualmente também prosificamos nossa realidade – até mesmo o céu já não é tão poético quanto outrora.
Tão ofuscados pelas luzes da cidade, se Javé repetisse a fala nos dias de hoje, legaria a Abrão uma descendência bem diminuta, possivelmente que caberia apenas na palma de uma mão.