sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Caverna de gelo na Islândia - por Iurie Belegurschi (Fotografia - Boredpanda)

Dando a mão

     No vórtice de desgraças que os vícios normalmente trazem, ao longo do tempo vamos observando que, muitas vezes, quem mais precisa de ajuda é quem, de fato, mais a recusa.
     É uma doença, sempre escutamos, mas de difícil cura, e pior, com sintomas e sequelas que se espalham não só para o responsável pela mazela, mas também para seus familiares, muitas vezes inocentes de todo na situação.
     E então começa a batalha para tentar trazer o perdido de volta a luz. É uma luta ingrata, inglória, com derrotas e mais derrotas acumuladas ao longo do tempo. 
     ¿Quem será dobrado ante a renitente insistência? ¿Quem conseguirá oferecer a mão seguidas vezes, mesmo seguidamente sendo recusada? ¿Quem terá mais força, aquele que carece de auxílio e repele a mão que se lhe estende, ou o "bobo", o insistente que teima em tentar? ¿Quantas vidas já foram salvas por estes que seguiram tentando, independente de o serem dados todos os motivos para desistir?
     A balança nunca se equilibra, e por demasiadas vezes pende para o lado errado. 
     Há de se ter muita perseverança (ou muita , para utilizar um termo mais preciso), para tanta dedicação a quem, por fim, não é merecedor de tamanha entrega.
     Obter êxito nesta peleja funesta, onde o resultado mais positivo é parar de perder, é tarefa tonitruante, para poucos.
     Infelizmente, creio que não me incluo dentre estes obstinados capazes de tal abnegação.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Fotografia - por Lukas Furlan (behance.net/lukasfurlan)

Entre o veneno e o remédio

     Relembro-me que depois de muito tempo sem maiores inovações, o primeiro filme de heróis que veio a chamar atenção do público foi X-men – o filme, já no longínquo ano 2000.
     Dessa película, só gostei dos minutos iniciais (depois vim a reconhecer que o diretor Bryan Singer, é ótimo para algumas cenas específicas  a do Noturno na Casa Branca em X-men 2, a do Mercúrio correndo e desviando as balas enquanto o mundo avança lentamente em X-men: dias de um futuro esquecido –, mas não mantém esta qualidade ao longo do filme). Como um todo, achei o filme muito aquém do que poderia ser e, sendo admirador da série, fiquei na época bastante decepcionado.
     De qualquer forma, foi um sucesso de público, e os estúdios de cinema, vendo o filão aberto, se esmeraram em produzir caudalosamente tantos filmes de heróis dali em diante que nem o mais fanático fã deste tipo de história poderia imaginar o volume com que esses filmes se alastrariam.
     Desta leva podemos destacar a impressionante trilogia Batman – O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan (que ensinou a nós todos – mas alguns diretores ainda não conseguiram captar – que um bom filme de herói começa por um vilão impressionante), Os Vingadores, X-men – primeira classe, Homem de aço, dentre outros.
     Porém, a ânsia financeira em lucrar com filmes de super-heróis foi tamanha que perderam-se todas as travas e pudores. Sobreveio então um cenário que nem o mais execrável dos vilões poderia imaginar: o desastre absoluto de Mulher-Gato (não vi e não gostei); o sonífero Capitão América – o primeiro vingador; Transformers e seus belíssimos efeitos especiais agregados a roteiros que não serviriam para limpar as nádegas; Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado que, como disse Peter Travers, é “ruim o suficiente naquele sentido que te faz desistir da vida”, o ensurdecedor G.I. Joe 2 – retaliação (sem querer-querendo acabei assistindo este filme no cinema – mais parecia que alguém segurou uma metralhadora disparando no início do filme e assim seguiu por toda a “história”), o Lanterna Verde e seu vilão com a testa enorme... Este é melhor eu inserir a imagem, pois desacredito que exista – mesmo em todos os 3.600 setores espaciais que os guardiões do universo dividiram o cosmos para que os Lanternas Verdes o protejam – algum ser com imaginação notável o bastante para poder bolar um personagem tão grotesco.
     Nem com um anel do Lanterna Verde alguém seria capaz de imaginar e criar algo tão esdrúxulo – e criaram.
     Afora outros que não foram completamente horríveis, mas também machucaram as vistas, como Thor 2 – O mundo sombrio, ou O Homem de Ferro 2 e 3.


     Os filmes de heróis como um todo trazem algumas características, quais sejam: são bastante onerosos (o que inibe e asfixia produções menores), efeitos especiais prodigiosos (o que também prejudica filmes mais focados na história – como ocorreu com a boa película Robocop, dirigida pelo brasileiro José Padilha) e, como um todo, possuem roteiros inferiores – justamente por se focarem demasiadamente nos efeitos especiais, acredito. Não precisava ser excludente, claro, mas acaba sendo, por razões que a própria razão desconhece.

     Hoje raramente surge um belo filme focado na história, como o fenomenal Crash – no limite (ganhador do Oscar de melhor filme em 2004), o cômico O Grande Lebowski (1998), os intensos O Sexto Sentido (1999), Foi Apenas um Sonho (2008) e Closer – perto demais (2004), os questionadores Ela (2013) e Beleza Americana (1999), os formidáveis A família Savage (2007) e Magnólia (1999), etc. 
     Mesmo espocando aqui e ali, filmes como esses são raros e, na medida em que demandam menor complexidade em suas criações, deveriam ser justamente os mais comuns. Não são, infelizmente.
     Estes filmes, mais cerebrais e tocantes, parecem ter perdido a vez no cinema. Fica a impressão que eles são as “sobras”, a serem jogados no mercado entre os grandes lançamentos – estes grandes, claro, todos de ação, com destaque especial para os de heróis.


     Mesmo apreciando bastante o universo fabuloso dos quadrinhos, olhando para trás, creio que como um todo, a avalanche desses filmes mais atrapalhou do que ajudou o cinema. 
     Optaram pelo caminho mais espetacular, mais fantástico, mais fácil, porém, mais burro.
     Calharam por viciar o público em efeitos especiais e inocularam resistências contra histórias mais inteligentes e interessantes.
     Hoje parece que um filme ter só uma bela história já não basta – alguma coisa tem que explodir.
     Diz o velho ditado que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose. Não tenho dúvida que, tentando lucrar tanto com os filmes fabulosos, estão matando o paciente.

Fotografia - por Patrick Hübschmann (phuebschmann.de)

quarta-feira, 9 de abril de 2014

A Grande Vilã

     Quando se é criança, ou mesmo quando passamos a ser crianças com tamanho maior, são muitos os vilões que apavoraram ou divertiram a galera: Coringa, Sinestro, Lex Luthor, Doutor Destino, Dentes-de-Sabre, Darth Vader, etc.

     Segundo consta, pelos relatos já ouvidos, quando se fica mais velho, eis que surge um novo vilão, aliás, na verdade uma nova vilã, disposta a aterrorizar as contas, arrancar partes íntimas do seu conforto, exterminar suas liberdades antes conquistadas, apavorar as mentes, gerar revoltas e frustrações diversas... Esta vilã é mais conhecida por uma singela sigla: PJ.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Da serie perguntas que não querem calar

     Mesmo podendo arranjar múltiplas desculpas, desde explicações panteístas até as de credulidade plenas, um questionamento segue sendo necessário: ¿Por que Deus não se mostra?
     Seja através da voz (no princípio era o verbo), seja através de imagem, seja de qualquer modo que possa ser observado por todos, que seja imanente, que seja inquestionável... 
     Mas em resposta, só temos o silêncio imutável... que quer dizer algo, ¿não é mesmo?

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Fotografia do lago Baikal - por Valery Chernodedov (obviousmag.org)

O Lago Baikal está localizado na parte sul da Sibéria Oriental, na Rússia. Considerado uma maravilha natural é um dos maiores e mais profundos, comportando 1/5 de toda a água doce do mundo. No inverno o lago congela, se transformando em um espetáculo da natureza.