segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Da serie dúvidas que não querem calar

     Afinal de contas: ¿Pra que servem as Guianas e o Suriname?
     A resposta esta na ponta da língua, ¿não?

Aforismo CIII

     Todo equipamento apodrece quando não utilizado – e isto também vale para a bomba que esta dentro do nosso peito.

Da serie constatações

     Antigamente dizia-se que “o show não pode parar”. Dentro do sistema que vivemos, podemos afirmar que o conceito mudou inexoravelmente. A nova máxima é “o lucro não pode parar”.
     Custe o que custar.

Aforismo CII

     O mundo parece outro depois de um bom banho.

O direito de saber (não é um editorial truanesco)

     Em um momento temos o insuperável problema da superpopulação no planeta e suas nefastas consequências: ausência de infra-estrutura adequada (saneamento básico, habitação e eletricidade, por exemplo) para atender toda a crescente população, serviços sociais mínimos (saúde, educação, segurança, transporte, lazer, etc.) também inadequados frente à nova demanda; escassez (e contaminação) de recursos naturais, migrações desordenadas, desemprego (com o inevitável aumento da tecnologia e proporcional redução de empregados), poluição, etc.
     Enfim, o caos.
     Todos estes fatores somados, cada um com sua pitada de contribuição, contribuirão para o aumento das guerras, da fome, do aquecimento global – aliás, para o aumento de toda sorte de impactos ambientais, etc.
     O apocalipse, em outros termos.

     Do outro lado, de maneira no mínimo irônica, vemos concomitantemente a discussão sobre o envelhecimento da população e seus deletérios efeitos sobre as economias dos países.
     Se hoje a economia já vai mal das pernas, que dirá com um aumento da quantidade de aposentados, com seus múltiplos efeitos negativos: aumento dos gastos de saúde do governo, redução da população economicamente ativa (aquela que gera renda, que produz); aumento dos gastos com aposentadorias, dentre outros.
     Podemos prever facilmente graves problemas econômicos decorrentes desta conta que não fecha.

     Em última instância, o caos econômico se instalará e, enquanto o problema da superpopulação geraria uma degradação ambiental insustentável (de maneira apenas mais rápida, claro, posto que dentro do sistema capitalista tal destino é inevitável), já o envelhecimento da população produziria uma degradação econômica insustentável.

     Porém, os senhores do mundo precisam definir: ¿que mal nos sucederá, afinal de contas?
     Um é antagônico ao outro, “apenas” um poderá desabar implacavelmente sobre nossas cabeças: ou seremos demais, ou demasiado velhinhos.
     Se vamos como vamos, julgo ser minimamente justo que digam logo com qual apocalipse haveremos de arrostar.
     Ao menos nos esforçaremos para tentar mitigar seus efeitos – jamais para resolver os problemas, claro. Somos humanos.

domingo, 11 de setembro de 2011

Aforismo CI

Triste é saber que puxamos de nossos pais até aquilo de que não gostamos neles.

Aforismo C

     Eu queria dirigir tão bem quando os taxistas pensam que dirigem.

Da serie dúvidas que não querem calar

¿Por que tanta arrogância, se somos só carne, ossos e (talvez) alma?

Aforismo XCIX

     Chato é quando te oferecem uma bela sobremesa logo depois de você ter escovado os dentes.

Da serie constatações

     No fim das contas, nunca vale a pena tentar compreender, explicar ou defender a existência de um ser criador.
     Porque a única maneira de ter certeza da Sua existência é sentindo, e não falando.

Antes de atirar minha TV pela janela eu ouvi o que ela dizia

     Um jeito célere de descobrir se um programa televisivo presta ou não, é se ele passa propagandas não só durante os intervalos, mas também durante o próprio programa.
     Se passar... pode mudar de canal, sem pena.

Aforismo XCVIII

     E na grande casa de jogos há sempre um grande ganhador: o dono do cassino.

Da serie constatações

     Segundo as escrituras, o próprio Jesus Cristo no momento derradeiro de sua vida questionou aterrorizadamente o Pai Celestial:
- Pai, por que me abandonaste?!
     Tal frase possui, como toda a bíblia, múltiplas interpretações.
     Porém, o impressionante é que, por um lado, o próprio Jesus teve dúvida acerca do divino que o rodeava. E, por outro lado, uma urbe enorme de tresloucados tenha tanta certeza, tanto a dizer e tanto a ensinar sobre religião. Eles não têm dúvida nenhuma. Sabem de tudo, o tempo todo. Possuem todas as perguntas e todas as respostas, como nem mesmo Jesus possuía, segundo suas próprias palavras.
     Porém, como é bem pouco provável que neste caso os discípulos tenham superado (e muito) o mestre (!), ¿estamos ouvindo que tipo de verdades?
     Fica o questionamento. Mas fiquem tranquilos. Também para isso, como para qualquer coisa que seja, eles possuem resposta.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Sinal dos tempos

     Ao ingressar nos elevadores, sempre observo que há uma média de peso dedicada a destacar a capacidade máxima de carga/número de pessoas suportada pelo equipamento. Por exemplo: capacidade máxima: 10 pessoas ou 700 kg.
     O que me espanta, é que normalmente a carga total é calculada como se as pessoas tivessem um peso mediano de 70 ou 75 kg. Porém, nestes tempos malucos em que vivemos, com o elevado nível de stress, ausência de atividades físicas, comidas altamente calóricas, etc., quando a gente ingressa no elevador com outras pessoas, percebemos que, normalmente, a carga tem ultrapassado este peso de referência.
     Há, então, de se reavaliar esta média de peso das pessoas nas placas dos elevadores – ou, nós, os nossos nada saudáveis hábitos.
     A primeira opção vai acabar cedendo, infelizmente.

Autonomia no BC

     Sou um defensor intransigente da autonomia do Banco Central.
     Defendo convictamente a autonomia do BC em relação aos interesses (espúrios, por concepção) do mercado financeiro. E defendo a subserviência plena do BC aos interesses da nação – manifestados, na escolha de seus diretores, por quem tem legitimidade para escolhê-los.
     Em outros termos, que seja facultada a escolha dos diretores do BC a quem foi eleito através do voto livre.
     Isto é autonomia íntegra e subserviência justa.

Desfile militar

     Já não nutro simpatia pelas forças armadas (devido à sua insistência em formar seres desumanos e fascistas), porém, os desfiles militares, de fato, são momentos memoráveis. Memoráveis pelo ridículo, pela baixeza, pela jactância do desprezível, pela inutilidade.






 
     De fato, nada melhor do que uma exposição nítida para elucidar o burlesco das coisas.


     Complemento minha afirmação com Einstein:



     A pior das instituições gregárias se intitula exército. Eu o odeio. Se um homem puder sentir qualquer prazer em desfilar aos sons de uma banda militar, eu desprezo este homem... Não merece um cérebro humano, já que a medula espinhal o satisfaz. Deveríamos fazer desaparecer o mais depressa possível este câncer da civilização. Detesto com todas as forças o heroísmo obrigatório, a violência gratuita e o nacionalismo débil. A guerra é a coisa mais desprezível que existe. Preferiria deixar-me assassinar a participar desta ignomínia. 
     No entanto, creio profundamente na humanidade. Sei que este câncer de há muito deveria ter sido extirpado. Mas o bom senso dos homens é sistematicamente corrompido. E os culpados são: escola, imprensa, mundo dos negócios, mundo político.



     Mais é desnecessário dizer.

As tais crises

     É incrível a constância que observo as pessoas dizerem que tal coisa esta em crise, o governo esta em crise, os mercados estão em crise, a geração de empregos esta em crise, a educação, a saúde e a segurança estão em crise, os bancos estão em crise, ops, perdão, estas (abençoadas) instituições nunca entram em crise, e se algum dia entrarem, os governos logo as socorrem.
     Voltando ao assunto, descartando o sentido psicológico ou biológico, levando em conta apenas os aspectos políticos e econômicos do termo, tudo constantemente esta em crise.
     A atual crise econômica, por exemplo. Alguns dizem que é uma crise em “W”. Uma queda abrupta, seguida de uma leve recuperação econômica, para novamente descermos a montanha russa. Quem sabe, no fim das contas, a redenção econômica.
     Para inexoravelmente, mais adiante, atravessarmos uma nova crise, é claro, como bem previa Marx descrevendo o ciclo sem fim do capitalismo – claro, este é o ciclo sem fim do capitalismo, não que o capitalismo seja o fim de nosso ciclo, pode (e precisa) ser diferente.


     Nós, brasileiros, somos quase P.h.d.’s no assunto crise. Era a crise da inflação – que durou décadas, a crise da abertura dos mercados, as crises econômicas oriundas das medidas neoliberais, as diversas crises políticas (só o congresso tem um rol que daria uma lista telefônica), as crises por corrupção, etc.



     O que me espanta é que, em minha singela concepção, a palavra crise denotaria uma alteração momentânea, talvez súbita, que levasse determinado elemento específico a uma condição drástica, pior do que o normal. Porém, se sempre e sempre e sempre estamos no meio de uma crise, pulando de uma para outra, podemos dizer que essas dificuldades, quaisquer que sejam, não implicam numa crise.

     Crise é quando se vive algo extemporâneo, momentaneamente diferente.
     Em nossos atribulados dias, podemos dizer, por inferência, que estamos em crise quando não há nenhum grave problema nos acometendo. Como naquelas luas-de-mel de inícios de (primeiro) mandato. Excetuando esses raros momentos, ademais é o caos, e não crise. Tudo (que fizeram ser) normal.