Creio que uma das coisas mais anacrônicas da cultura pátria sejam as tais marchinhas de carnaval – se é que ainda podemos considerá-las como elementos de nossa cultura, e não só do nosso passado.
Dentro de cada contexto, de cada época, a curtição no carnaval, seja da juventude, seja dos mais velhos, assume variadas formas. Porém, tratam as marchinhas como se fossem um patrimônio nacional (!).
¿Como assim, Cara Pálida? ¿Por acaso desfrutar o carnaval escutando uma marchinha é mais nobre do que indo atrás de um trio elétrico? ¿Ou dançando ao lado de um carro de porta-malas aberto, com seu som potente estrondando os tímpanos de quem passa perto? ¿Ou dos foliões seguindo os bonecos de Olinda? ¿Não são todas formas variadas de diversão, consoantes a época em que se manifestam?
Pode-se, evidentemente, ao longo do tempo, preferir uma a outra, ou nenhuma delas – até porque, estatisticamente, sempre e sempre, a quantidade de pessoas a participar destes eventos são minoria no todo da população.
O que julgo espantoso é deliberar que uma seja a representação da cultura brasileira, e a outra, não. É uma ideia completamente equivocada. As marchinhas de carnaval compõem nossa cultura, da mesma maneira que trios elétricos, carros de som, carnaval de Olinda, festas de São João, festival folclórico de Parintins (Caprichoso e Garantido), etc.
Que cada qual aprecie uma ou outra manifestação da cultura popular da forma como bem lhe aprouver. O que não dá para aceitar é que certos çábios definam quais eventos populares representam a nossa cultura.
Francamente, convenhamos.
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