quinta-feira, 1 de setembro de 2011

As tais crises

     É incrível a constância que observo as pessoas dizerem que tal coisa esta em crise, o governo esta em crise, os mercados estão em crise, a geração de empregos esta em crise, a educação, a saúde e a segurança estão em crise, os bancos estão em crise, ops, perdão, estas (abençoadas) instituições nunca entram em crise, e se algum dia entrarem, os governos logo as socorrem.
     Voltando ao assunto, descartando o sentido psicológico ou biológico, levando em conta apenas os aspectos políticos e econômicos do termo, tudo constantemente esta em crise.
     A atual crise econômica, por exemplo. Alguns dizem que é uma crise em “W”. Uma queda abrupta, seguida de uma leve recuperação econômica, para novamente descermos a montanha russa. Quem sabe, no fim das contas, a redenção econômica.
     Para inexoravelmente, mais adiante, atravessarmos uma nova crise, é claro, como bem previa Marx descrevendo o ciclo sem fim do capitalismo – claro, este é o ciclo sem fim do capitalismo, não que o capitalismo seja o fim de nosso ciclo, pode (e precisa) ser diferente.


     Nós, brasileiros, somos quase P.h.d.’s no assunto crise. Era a crise da inflação – que durou décadas, a crise da abertura dos mercados, as crises econômicas oriundas das medidas neoliberais, as diversas crises políticas (só o congresso tem um rol que daria uma lista telefônica), as crises por corrupção, etc.



     O que me espanta é que, em minha singela concepção, a palavra crise denotaria uma alteração momentânea, talvez súbita, que levasse determinado elemento específico a uma condição drástica, pior do que o normal. Porém, se sempre e sempre e sempre estamos no meio de uma crise, pulando de uma para outra, podemos dizer que essas dificuldades, quaisquer que sejam, não implicam numa crise.

     Crise é quando se vive algo extemporâneo, momentaneamente diferente.
     Em nossos atribulados dias, podemos dizer, por inferência, que estamos em crise quando não há nenhum grave problema nos acometendo. Como naquelas luas-de-mel de inícios de (primeiro) mandato. Excetuando esses raros momentos, ademais é o caos, e não crise. Tudo (que fizeram ser) normal.

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