quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Aforismo LXX
Teocracia
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Os astrólogos e o BC
Criticam os juros inventados, argumentando de maneira muito embasada, tecnicamente clara, apontando números, citando tudo o que poderia ser citado para criticar as decisões do banco Central (BC).
No início eu lia com grande interesse, absorvendo, adsorvendo, tudo que podia destes articulistas. Porém, com o passar do tempo, as coisas foram ficando menos difusas.
Hoje, já me é claro, que não adianta absolutamente nenhuma análise, nenhum debate técnico, nenhuma confrontação com as decisões do BC. Porque lá não há economistas, há astrólogos.
Com todo o respeito aos astrólogos.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Da serie "constatações"
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Acasos da vida
Num átimo me vem o pensamento: “nossa, que coincidência”.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Da serie constatações
Desde que ela fale, é claro – ai de quem o fizer sem a sua anuência.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Aforismo LXVII
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Perguntas que não querem calar
¿Para que serve a água?
¿Qual dos dois é mais importante?
¿Qual, portanto, deveria ser mais oneroso?
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Toda forma de poder
Inocência inútil
Só num mundo onde existe o socialismo como concorrência factível é que os capitalistas podem ceder os aneis para não perderem os dedos – conforme o belo exemplo dos países nórdicos.
Quando não tem concorrência, o capitalismo não existe de outra maneira que a neoliberal, que o anarcocapitalismo, enfim, que a desgraça em estado puro.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Olhando da popa e pensando
Pensará algo, porque observará que nosso planeta desperdiça uma quantidade enorme de alimentos (suficiente para alimentar os famintos e ainda sobrar comida). Pensará algo, pois o nosso planeta, nesta época em que vivemos já é pequeno perto das fronteiras exploradas do universo, tanto pelo homem, quanto por equipamentos por ele criados; observará que uma sociedade que achou petróleo há milhares de metros abaixo do solo e do mar, que consegue construir edifícios babélicos, que consegue produzir espetáculos majestosos como a abertura das olimpíadas, que consegue fazer com que a terra se torne pequena com a internet e sistemas avançados de comunicações, que consegue criar aceleradores de partículas, filmes inimagináveis, raio laser, teoria da relatividade, das supercordas e quântica, medir os ecos do próprio big bang, conseguindo descobrir com 1 por cento de taxa de erro que o universo possui 13,7 bilhões de anos de idade, que consegue calcular a forma como os continentes se separaram, que constrói submarinos, ferraris e hayabusas, aviões “pássaros negros” (blackbirds) e naves espaciais, que vê o seu potencial criativo, científico e tecnológico em níveis esplendorosos, pois bem...
Esta pessoa conseguirá avaliar que, a despeito de tudo que conseguimos construir, não conseguimos dispor para 1 bilhão de pessoas – friso, não são dez, não são cem, não são mil, são 1 bilhão de pessoas – aquilo que há de mais básico, mais elementar, aquilo que um próprio homem da caverna sabia que tinha de conseguir: alimento.
Não conseguimos, depois de tudo que conquistamos, atender aquilo que desde sempre deveria ter sido prioridade.
¿Como justificar, que, com tanta evolução, não conseguimos encontrar a sociabilidade de uma formiga? Um ser tão simples, mas tão simples, que sequer sistema respiratório possui (o ar passa pela formiga e as células absorvem diretamente o ar). ¿Como esta pessoa nos avaliará, observando que estamos aquém da evolução societária de uma simples formiga?
Esta pessoa pensará algo sobre nós.
Quando algum dia, uma pessoa no futuro avaliar nossa frivolidade, observará um mundo com tanta informação e tão pouco conhecimento; capaz de criar terabytes e terabytes de informação por dia, um mundo onde basicamente todo mundo conhece tudo e não sabe de nada. Ela avaliará que só num mundo como o nosso poderia existir um twitter, o resumo da futilidade de uma era.
Esta pessoa pensará algo sobre nós.
Quando algum dia, uma pessoa no futuro observar que sobre os humildes mortais recaía uma carga pesada de impostos, enquanto as movimentações financeiras dos especuladores nababos – movimentações financeiras que levam países e empresas à bancarrota da noite para o dia – não pagavam impostos, ela pensará algo. Refletirá mais quando souber da desigualdade social escabrosa que imperou no mundo.
Esta pessoa pensará algo sobre nós.
Quando algum dia, uma pessoa no futuro avaliar que os gastos humanitários para ajudar os países humildes, de 1950 à 2009 somaram 2 trilhões de dólares. E, observar que num único ano, para ajudar especuladores e bancos, os governantes desperdiçaram 50 trilhões de dólares, ela concluirá algo. 50 trilhões de dólares em um ano.
Ou seja, o investimento para os mais carentes, mais humildes, pessoas que tiveram seus sonhos cerceados, muitos decorrentes da forma como os países ricos impuseram suas colonizações: extraviando nossos recursos naturais (petróleo, ouro, prata, etc.), implementando uma sociedade fundamentada como um castelo de areia, criando países desenhando num mapa sobre uma mesa, unindo dentro de um mesmo território clãs e tribos rivais, e dividindo clãs e tribos aliadas; patrocinando golpes militares que só fizeram concentrar renda, etc. Para depois de tudo isto investir em cerca de 60 anos, 2 trilhões de dólares para amenizar o desastre que eles mesmos criaram. Isto com a justificativa espúria de que não poderiam investir mais devido a corrupção (como se não pudessem doar o dinheiro condicionando-o a auditorias – que poderiam ser feitas por empresas do país doador, por exemplo).
Já para especuladores, pessoas que não ajudam nada, não contribuem com nada, nunca produziram um parafuso sequer, ervas daninhas que só sabem sugar da sociedade, para estes seres infectos, escória da humanidade, num ato de corrupção explícita, doam 50 trilhões de dólares em um ano.
Esta pessoa observará que o dinheiro não foi para matar a fome de ninguém, não foi para construir nenhuma estrada, ferrovia ou casa, não foi para levar água a quem precisa, não foi para nada que preste: foi só para impedir que a riqueza dos plutocratas não diminuísse muito. Só para isto.
Esta pessoa pensará algo sobre nós.
Quando algum dia, uma pessoa no futuro observar que ao invés de se preparar para se tornarem grandes cidadãos, para melhorar o mundo, a elite da nossa juventude está sendo desperdiçada, focada numa prova ignara que não lhes ajudará em nada mais na vida, este deserto inglório que é o vestibular, ela conseguirá – diferentemente da prova aplicada – nos avaliar.
E esta pessoa pensará algo sobre nós.
No dia de hoje, nós conseguimos observar o que ocorreu, as grandes vitórias históricas da humanidade – Stalingrado e a derrota de Hitler, as lutas pelas independências nacionais, a revolução soviética e cubana. E as derrotas históricas, também – a escravidão, os feudos, a colonização, o neoliberalismo, as ditaduras, a idade média como um todo, etc.
Porém, ao conseguirmos avaliar os erros alheios, tínhamos a responsabilidade de não incorrermos em falhas similares.
Até hoje, a despeito de toda nossa evolução, não conseguimos.
Pensar que estava tudo na nossa mão, que bastava quem de direito tomar posicionamentos corretos (¡bastava querer!), é realmente decepcionante.
Tenho aqui comigo os documentos da suspensão que tomei de 7 dias no serviço justamente por tentar, dentro das minhas limitações, melhorar o mundo em que vivo.
Esta pessoa olhando da popa, poderia ser a minha sobrinha e afilhada, Lara.
Se for ela, e o mundo em que ela estiver for melhor, vou mostrar este documento, e dizer que ela colhe a luta que eu e outros bravos e íntegros travaram – e que ela deve honrar esta luta.
Por outro lado, se o mundo continuar esta merda que está, eu também vou mostrar o documento a ela – e direi que eu não me eximi, que eu não me acovardei, que a despeito de todas as dificuldades enfrentadas, eu não escolhi o caminho mais fácil – e sim o que acredito correto.
Poderei até ser derrotado pela história, mas direi a ela que eu fiz o que pude – e quando me despedir do mundo dos homens, descansarei com a impressão de que cumpri meu papel, acreditando ter feito o suficiente para dormir através da eternidade o sono dos justos.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Era tão menina
Bem, o espanto que tive talvez seja o mesmo que vocês terão. Abaixo a menininha que costumávamos assistir:

E agora o que ela se tornou:



Logo me veio a mente certa música do Lobão.
O título: "Era tão menina".
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Hipnose ofídica
Paciência com a perda intelectual da comparação, há outros ganhos, também.
Oscar Wilde nos defende:
“Mas a beleza, a verdadeira beleza, acaba onde começa a expressão intelectual. O intelecto é em si uma forma de exagero e destrói a harmonia de qualquer rosto. Assim que nos sentamos a pensar, ficamos todos nariz, todos testa, ou outra coisa horrenda. Veja esses homens que triunfam em qualquer profissão intelectual. São completamente hediondos!”
A despeito da licenciosidade moral de Wilde, há de se ceder aos fatos, se Dostoievski:
E, por outro lado, Sharapova:
As cobras não têm pálpebras móveis, diferentemente dos animais que rotineiramente observamos:
Ou seja, mesmo que quisessem, não poderiam fechar os olhos. Isto faz com que sua visão seja extremamente constante, fixa, já que não piscam. Alguns animais, como as rãs, permanecem estáticos de quando da aproximação destas criaturas deveras excêntricas que são as serpentes. As rãs permanecem paradinhas porque supõem que assim não serão vistas. Não por causa de hipnose ou algo que o valha.
Porém, segundo a crença popular, os pássaros são atraídos de uma maneira irresistível, ficam paralisados ante o olhar da cobra. E irremediavelmente são devorados.
Vou assistir a um jogo de tênis e eis que lá está a diva Sharapova, cada rebatida é um grito, cada grito é uma delícia de se ouvir.
Prossigo assistindo o jogo, eu que nem me ligo muito para tênis. E para o seu olhar ofídico, só posso dizer que sou o pássaro hipnotizado.
Donde se conclui que a hipnose para caça, às vezes intencional, às vezes não, só nas Sharapovas da vida.
Mais uma da serie constatações
E assim indefinidamente.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Da serie constatações
Fato é que todo mundo tem um Deus.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Narcisos obstados
Se naturalmente não podemos ver nossa face, é porque esta sabia do grande risco de afogamento - em vários sentidos - das multidões de Narcisos.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
terça-feira, 28 de julho de 2009
Miopia progressiva
Como nem tudo na vida são flores, mas também não são só espinhos, de alguma coisa me serviu o alistamento.
É um caso até engraçado, já o contei a algumas pessoas. Durante a execução do alistamento, tínhamos que olhar para umas letras com um olho só. Beleza, antes de eu fechar um olho, estava vendo tranquilo. Quando tapei um dos olhos, não enxerguei mais nada. Foi um espanto para mim, eu não conseguia ver as letras que até então estavam claras. Até então eu não sabia da minha deficiência visual. O gendarme que me examinava, com uma paciência digna de Jó, e um tom de voz tão cálido e sedoso quanto uma mulher que se esguela com o marido pego no flagra, berrou:
- ¿Que letra é esta?
Eu não estava enxergando nada, só me concentrava mais, tentando compreender.
O cara berrou com mais intensidade:
- ¿Que letra é esta?
E eu, espantadíssimo, fazendo o possível pra ler, mas não conseguia. E o cara, tentando ser ouvido a quilômetros de distância:
- ¿Que letra é esta?
E eu:
- Letra D.
Sei lá que diabo de letra que era, ele estava pressionando demais, comecei a chutar. Ele:
- ¿Que letra é esta?
- S.
- ¿E esta? – sempre naquele tom carinhoso.
- M.
Ele falou pra eu tapar o outro olho. Enfim, quando mudei a vista, percebi que não tinha passado nem perto, havia errado clamorosamente todas as letras até então.
Pois bem, o alistamento como um todo foi uma experiência completamente desnecessária, excetuando por este achado.
E, depois, refletindo sobre o assunto, inferi (não careceu grande inteligência para fazê-lo) que o fato da perda da visão ocorrer de maneira progressiva, lenta, faz com que não nos apercebamos do processo de mudança. É como quando chegamos em um lugar novo, conseguimos visualizar de uma maneira muito mais fácil os equívocos ali contidos, diferente de quando já estamos acostumados, e meio que nos viciamos dos erros adquiridos ao longo do tempo.
Pois bem, escrevo este texto justamente por ter visto pessoas de quem gosto começarem um processo de “miopia progressiva” com a alma.
É uma pena, quando menos pensarem, já terão perdido completamente sua identidade, sua credibilidade, e deixarão de serem homens.
Quem os conhecer depois, já vai perceber de imediato todo o erro contido em suas atitudes, já vai chegar vendo a merda que lhe está defronte.
E quem já os conhecia como eu, não verá uma mudança drástica em suas atitudes, nada significativo do dia para a noite.
Porém, querendo ou não, sempre acontecerá um caso como o do alistamento, em que somos forçados a ver de uma maneira que comumente não enxergamos, um “divisor de águas”.
Quando este dia chegar, e ele vai chegar, os amigos ao redor se aperceberão do quanto estas pessoas mudaram. Passarão até a questionar se algum dia elas realmente foram dignas e coerentes do sentimento que nutrimos.
É um aviso.
E é uma lástima.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Aforismo derradeiro
“Prefiro enfrentar o mundo a enfrentar minha consciência”.
Quase um Nostradamus
Respondo que novidade de mulher só pode ser gravidez ou casamento.
Esperávamos Patrícia contar. Como ela não apareceu (pra variar), Roberta nos informa.
Fico sabendo, então, que Patrícia está grávida.
Proventos e securas
Por outro lado, também não cobro dízimo de nenhuma espécie.
Os jogos e a covardia
P.S: É claro que eu não perco um jogo vultuoso.
terça-feira, 21 de julho de 2009
Da série constatações
Aforismo LIV
terça-feira, 30 de junho de 2009
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Racismo ao avesso
Procuro-a insistentemente no caminho, mas não encontro. Não dá nem pra cogitar voltar em casa para buscá-la.
Chego para pegar o ônibus, crucial para que eu pudesse trabalhar no outro dia, já que era o último (23:29h) e apresento os outros documentos com foto que possuo ao motorista: crachá da empresa, do sindicato, do plano de saúde.
Ele reluta, mas acaba me deixando ingressar no ônibus.
No meio da viagem, tive a sincera impressão que se eu fosse negro e tivesse uma cara mais enfezada, eu não teria conseguido êxito.
Arrebatou-me uma vontade sincera que, se isto fosse realmente verdade, eu também tivesse sido barrado, não obstante as deletérias consequências profissionais.
Uma dúvida e uma certeza
Mas ainda resta saber de onde a gente veio e para onde a gente vai.
Do que não compreendo
É comum, é constante, parece trivial.
A priori, poder-se-ia até pensar que somente os homens, na sua eterna necessidade de demonstrarem que são muito machos o fizessem. Mas não, muitas das “delicadas” mulheres também vêm se embrenhando nestes confins malditos.
Para mim, responder agressivamente aos outros é sinal claro de arrogância e imbecilidade.
Gabar-se disto, então, é um equívoco tal que sequer consigo selecionar epíteto para classificá-lo.
Da série “dúvidas que não querem calar”
Terceiro lar
O segundo lar é o nosso trabalho, ao menos é o que dizem.
Nesta linha de raciocínio, posso afirmar tranquilamente que meu terceiro lar é a BR-101, a infinita highway brasileira.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
A Terra do Inexplicável
Pouco tempo depois, vejo um motoboy brincando de dar cavalo de pau na areia. Com resultados previsíveis.
Não pude deixar de recordar uma constatação feita em outros tempos, quando trabalhava neste mesmo estado, e vi em muitas oportunidades, fazer um sol intenso e cair uma chuva pesada. Isto várias vezes. No mesmo dia.
A constatação: a Bahia é a Terra do Inexplicável.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Da série constatações
“Eu não vim ao mundo para mentir”.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Aforismo LII
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Da série dúvidas
- Você gosta de mim, mas também me odeia.
Eu neguei, é claro.
Depois, vi que ela tinha razão no que dissera.
E eu me pergunto: ¿Sempre tem que terminar assim?
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Algo em comum
E desta fase, passamos direto para aquele estado em que já não somos o que já fomos.
Há algo em comum em todo o tempo.
terça-feira, 26 de maio de 2009
Uma pena
... E no ônibus da viagem de retorno da labuta, passo por um raro caminhão que ainda ostenta um adágio:
- Não há vitória sem luta.
Eu fico pensando que para mim isto faz sentido, mas é uma pena que para alguns não faça; e calha que a covardia/alienação/omissão de outrem, implica na minha derrota.
E reflito mais detidamente na ausência das frases, na alienação, na pusilanimidade, e vou me dando conta de que quase tudo na vida é uma pena.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
São Miguel e a reintegração de posse
Assemelha-se pelo sentido arrevesado que ostenta.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Da série definições
Mas pode chamar de CREA.
terça-feira, 12 de maio de 2009
A morte e a catarse, mais uma dúvida
Ora, se no momento que seria o mais evoluído da humanidade, 1/4 do mundo passa fome, afora os que estão na miséria, afora a destruição intensa da natureza, afora tanta coisa, morrermos é quase uma catarse do planeta.
Ah, mas não necessariamente quem morre é culpado destas coisas, ¿não?
Não, ninguém é responsável por nada, eu já disse.
E, mesmo se fosse, é infinita a capacidade de arranjar justificativas para os próprios erros (a primeira de todas, é claro, é culpabilizar outrém).
Bem, o infinito compreende o ilimitável, é evidente, portanto, julgo não poder haver diferenciação de tudo que é infinito.
Pois bem, se houvesse, gostaria de saber o que é maior, sabendo que as duas coisas são infinitas:
a capacidade de arranjar justificativas ou a capacidade de se preocupar com aspectos íntimos da vida alheia.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Uma possibilidade
Talvez a história de pobreza, humilhação e miséria da América Latina fosse bem outra.
Imagino-o como um "Alexandre, o Grande" sem a boiolagem.
Ou melhor, um Símon Bolívar moderno, em sua encarniçada luta contra a mesma serpente maldita.
Não posso não conceber, que de qualquer modo, ele morreria lutando.
Bravo e íntegro, como lhe competia.
Terra do Incrível
E é ainda mais incrível que, tendo tal desenvolvimento, consiga a proeza de se enxovalhar perante o mundo e a si mesmo elegendo três vezes Silvio Burlesconi ao poder.
Vá lá entender a terra dos meus ancestrais.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Aforismo L
Platão legou Aristóteles...
Pergunta que não quer calar:
¿Aristóteles não deveria ter legado alguém?
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Os Papéis
Que um homem tem na vida
De mostrar a que veio
De lutar pelo que acredita
Páginas foram viradas
Mas não apagaram a história
Dos muitos que lutaram
Para tentar nos livrar da escória
E lutaram e morreram
E sangraram e pereceram
E suaram e sofreram
E choraram e perderam
E gritaram e venceram
Antes de tudo
Sabiam o que lhes cabia
Não se omitiam das responsabilidades
Quando não se lutava, é que se morria
¿E quando se está no meio da guerra
Com soldados que não querem lutar?
¿Como fazê-los ver que sua covardia
Ainda haverá de nos mutilar?
A omissão do dia-a-dia
Sobre o bem se informar
Obstará a alquimia
De se unir, organizar
Se em alguns sobra covardia
Como se só eles sentissem medo
A outros resta galhardia
E resguardam os temores em segredo
Defronte a truculência e o autoritarismo
Resplandece forte a verdade:
Uma pessoa só luta por uma causa
Porque sabe que tem responsabilidades
Com seu país, sua gente, sua classe
E não com o chefe, com desculpas, com o capital
Sabe que a pior desgraça do mundo
É a luta insana pelo individual
E no meio do conflito
Vem o abandono e a traição
Mas também vem um forte companheirismo
E a satisfação da verdadeira união
Depuram-se os guerreiros
Os covardes vão para o seu lugar
Não se quer criar mártires
Mas homens que sabem o papel
Que na vida tem de desempenhar
Ante o deserto da covardia
E o lixo da truculência
Os bravos não estão dispostos
A pedir clemência
Que todos escutem
O que temos a falar
Aqui há homens
Que não vão se acovardar
Dedicado a todos os que cumprem e cumpriram com seus papeis, especialmente a Francisco Tojeiro, Vitor Pádua, Marcelo Bié e Élson Rattes.
P.S: Parte da letra foi censurada. Não por medo, mas só pra não queimar cartuchos em vão. Devo frisar, porém, que esta parte pode não estar postada aqui, mas existe.
segunda-feira, 30 de março de 2009
Aforismo XLIX
quarta-feira, 18 de março de 2009
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
O dia em que a terra prosseguiu
Keanu Reeves é um extra-terrestre que desembarca nos EUA (obviamente só podia ser lá, tudo nos filmes de Hollywood acontece em Manhatan).
Claro que ao chegar, o ET foi atacado pelos cândidos estadunidenses, a despeito de não ter tido nenhuma ação agressiva. Seriam os “ataques preventivos”, como os monstros ideólogos da guerra costumam alcunhá-los.
Pois bem, depois do ataque, quando Keanu começa a conversar com as pessoas, uma mulher pergunta (mais ou menos com estas palavras):
- ¿O que você veio fazer aqui?
- Vim salvar o planeta.
E, mais adiante, esta mulher fala sobre o nosso planeta, no que ele interrompe:
- ¿Nosso? ¿Quem disse que o planeta é de vocês (seres humanos)?
Corta, esta é a bela frase do filme.
Mais adiante, ele diz que deseja falar com os representantes do mundo que estão reunidos num congresso da ONU. Como é impedido de ir, insiste que necessita falar com os representantes do mundo, no que esta mesma mulher responde:
- Sou a secretária de defesa e represento o presidente dos Estados Unidos da América.
E, ouvindo aquilo, percebi que a missão Barack Obama é mais ampla e profunda do que parece. Enfrentar tanta arrogância – e arrogância sempre leva ao cadafalso, mais cedo ou mais tarde – é uma tarefa inglória e, eu diria, quase inextrincável.
George War Bush não é um ponto fora da curva, é um produto criado por este tipo de ótica, que permeia enormemente tal país.
Por alguma clarividência de quem fez o filme, o ET não julga que falar com o representante dos EUA signifique falar com o mundo.
Palmas ao ET.
Pela nossa imprensa gorda, pelos partidos políticos da direita (PSDB e Demos), por exemplo, bastaria.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Aforismo XLVI
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Aforismo XLV
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Sobre o aliado bomba e a ignorância
2 – Em outra ponta, muitos crimes são cometidos dentro do território espanhol e em países próximos contra argentinos. Argentina, como a conhecemos, não existia. Os argentinos não tinham país há muitos e muitos séculos, tendo sido reduzidos a um povo sem pátria, vivendo em muitas nações, sofrendo preconceitos e toda sorte de maldades em vários deles.
3 – Depois de muito sofrimento, os argentinos são libertados de sua dor. Porém, ninguém os quer. Por isto, a Inglaterra, os EUA e a ONU os mandam para o Brasil. O Brasil deixa de ser colônia, mas vê amputado seu território, pois, segundo argumento alegado, mais de mil e quinhentos anos atrás (quando sequer havia países como conhecemos hoje), os argentinos viveram aqui, em nossa terra.
4 - Por que não criar um território lá, onde os argentinos viviam, por que aqui?
5 – Não aceitando o fato, os brasileiros, apoiados pelos vizinhos sul-americanos, decidem lutar contra a Argentina que foi criada sobre o Brasil. Porém, os EUA apóiam militarmente a Argentina e, ela não só vence, como toma parte dos territórios da Bolívia, do Peru, e toma a maior parte do Brasil. Nossa pátria fica reduzida aos estados de Rondônia e Sergipe. Como sabemos, Rondônia e Sergipe sequer têm fronteiras entre si. Ou seja, as partes restantes do nosso país ainda ficam separadas. A Argentina no meio, tendo conquistado militarmente um território muito maior do que fora “benevolamente” “doado” pela ONU.
5 – Como não poderia deixar de ser, grande parte da população brasileira ficou no que passou a ser a Argentina. Nestes lugares, numa terra que é sua, onde propriamente nasceram, os brasileiros passam a sofrer todo o tipo de humilhações: são tratados como sub-raça, têm os piores empregos, são maltratados pelo exército argentino, não tem um país que possam chamar de seu, etc., e são abandonados pela comunidade internacional, mais preocupada com os “inquestionáveis” interesses argentinos.
6 – Como era de se esperar, alguns bravos brasileiros insurgem-se contra estas iniquidades. Passam a lutar, com as armas que possuem contra a Argentina, para defender o Brasil.
Pergunto:
¿Os combatentes brasileiros poderiam ser chamados de terroristas?
¿Eles não seriam frutos das circunstâncias a que estão sendo submetidos?
¿Um patriota agiria diferente disto?
Concatenando à nossa triste realidade: ¿como, ter integridade e não tomar partido a favor da Palestina?
Cito Saramago: “Israel quer que nos sintamos culpados, todos nós, directa ou indirectamente, dos horrores do Holocausto, Israel quer que renunciemos ao mais elementar juízo crítico e nos transformemos em dócil eco da sua vontade, Israel quer que reconheçamos de jure o que para eles é já um exercício de facto: a impunidade absoluta. Do ponto de vista dos judeus, Israel não poderá nunca ser submetido a julgamento, uma vez que foi torturado, gaseado e queimado em Auschwitz. Pergunto-me se esses judeus que morreram nos campos de concentração nazis, esses que foram trucidados nos pogromes, esses que apodreceram nos guetos, pergunto-me se essa imensa multidão de infelizes não sentiria vergonha pelos actos infames que os seus descendentes vêm cometendo. Pergunto-me se o facto de terem sofrido tanto não seria a melhor causa para não fazerem sofrer os outros.(...) Ah, sim, as horrendas matanças de civis causadas pelos terroristas suicidas… Horrendas, sim, sem dúvida, condenáveis, sim, sem dúvida, mas Israel ainda terá muito que aprender se não é capaz de compreender as razões que podem levar um ser humano a transformar-se numa bomba”.
Desde Harry Truman, este câncer que assolou os EUA, este país alterou lobregamente sua política externa (com uma leve amenização no governo Carter), passando a não só a avalizar, como apoiar militarmente Israel em tudo o que este país intencionasse fazer, independente da causa e dos motivos.
Carece perguntar, singelamente, se realmente vale a pena ter um país, qualquer país, como aliado, se sabemos que ele destrói todos os princípios que nós dizemos (ou pretendemos) observar.
Os nossos próprios princípios se escoam quando nos omitimos perante tais atitudes, quando avalizamos tais atitudes, que dirá de quando apoiamos maciçamente tais atitudes... E, isto tudo, pelo singelo preço de... termos um aliado.
¿Vale a pena?
É uma pergunta, relevante pergunta, em qualquer tipo de aliança que se faça em política (perdoem-me, escuso-me aqui de tratar do PMDB).
Voltando a pergunta 4: por que não criar um território lá, onde os israelenses viviam, por que em cima da Palestina?
Porque, justificam eles, este é o território sagrado, dos israelitas, deste povo, “escolhido de Deus”, segundo diversas passagens da bíblia.
Muito me espanta que todo um povo possa sentir-se melhor do que outro, argumentando que Deus o prefere, o escolheu, sabe-se lá por quais razões.
Eu, cá com minha ignorância religiosa, a despeito da Bíblia dizer o oposto, sempre julguei que o Pai Celestial tivesse mais apreço pela humanidade como um todo, e não especificamente por alguns terem, pelo acaso do destino, nascido em determinado lugar. Pode-se ter, dependendo do tipo de crença, a convicção de que Deus nos escolheu especificamente para certo lugar. Tudo bem, pode ser uma opinião válida, vai saber. Porém, tanto se nascemos onde nascemos pelos desígnios insondáveis do destino, quanto pelo desejo específico de Deus, em qualquer uma das formas, não tivemos controle nenhum sobre tal feito, donde, ¿como poderíamos ser culpados, ou abençoados, por tal acontecimento?
¿Que mente brilhante pode chegar a conclusão de que se é “escolhido de Deus” por simplesmente ter nascido em determinado lugar?
Estas perguntas denotam para os judeus e para os cristãos uma evidência incontrastável da ignorância deste que escreve, é claro.
Como todos aqueles que ousam criticar Israel, de acordo com eles, são anti-semitas, julgo que acabarão por me incluir como partidário dos nazistas.
Logo eu, que sou comunista, o que é, em outros termos, ser exatamente o avesso de um nazista.
Mas tudo bem, ¿fazer o que?
Não há argumentos contra a imbecilidade e/ou o fanatismo.