28 milhões de pessoas abandonaram a linha de pobreza durante o governo Lula, em um esforço oriundo muito mais da ideologia do governo do que pela pressão dos (de)formadores de opinião que compõe parte da imprensa nativa.
Para efeito de comparação, nos 8 anos anteriores, foram dois milhões que abandonaram tal deplorável estado.
Toda vez que escuto alguns áulicos do capital escrevem defendendo a democracia – escrevendo, claro, em veículos jornalísticos que clamaram pelo golpe militar, que apoiaram a ditadura, que suprimiram de suas páginas as torturas, a repressão, o endividamento, as obras faraônicas, o venha-a-nós, o “aos amigos tudo, aos inimigos a lei (?)”, etc. –, penso comigo, como alguém que passa fome, ou que mal consegue subsistir, pessoas que todo e todo e todo mês passam grandes dificuldades financeiras, privações da ordem mais diversa, humilhações e carências inimagináveis – a não ser por quem passa – penso comigo, ¿que diferença para esta pessoa faz o regime político que se apresenta diante dela? Pode-se inferir, que o que lhe importa é o seu sustento, a política é algo distante, o regime político lhe é indiferente, a possibilidade de poder viajar para qualquer parte do mundo é inútil, a facilidade de comunicação não lhe ajuda em nada, o poder de protestar não se lhe apresenta como uma possibilidade, a defesa do meio ambiente é uma frivolidade, a honestidade pode ficar em segundo plano ante a própria subsistência, o progresso tecnológico não lhe auxilia, a literatura e o conhecimento são coisas inacessíveis, tudo o que a modernidade e a evolução da ciência puderam dispor lhe são improfícuos.
Em outros termos, não há liberdade para quem é privado de condições financeiras mínimas.
Porém, o que se vê é a mesma pessoa que – supostamente – defende a democracia não gastar uma mísera linha para tratar dos desvalidos.
Mais de 10 milhões de brasileiros ainda estão abaixo da linha da pobreza, o que é extremamente revoltante, dado o grau de evolução tecnológica e científica da sociedade.
E esta fome que grassa é uma maneira inequívoca de se aferir a integridade de um jornalista ou do veículo que ele representa. O cálculo é o seguinte:
Enumere a quantidade de vezes que eles tratam a respeito da necessidade de amparar estes desvalidos.
Enumere também a quantidade de vezes que eles falam a respeito da necessidade da diminuição dos juros da dívida no país, que consomem mais de um terço das finanças governamentais (apenas para enxugar gelo, dado que devido a sua alta taxa, o governo não consegue abater a dívida propriamente, apenas paga – parte – dos juros da mesma).
Agora, compare com a quantidade de vezes que pregaram a diminuição dos gastos públicos (ou seja, gastos com saúde, políticas sociais, defesa, meio-ambiente, etc.).
E aí temos um método de aferição altamente preciso para se avaliar a integridade daqueles que nos escrevem.
Conseguimos comparar suas preocupações, de um lado, com os mais carentes e com a tenebrosa doação bilionária de dinheiro para os rentistas, e do outro, com o suposto elixir, a pseudo-panaceia de nosso país que seria a diminuição dos gastos públicos.
Pondo os pingos nos is: esta é uma linha cristalina que divide uns e outros.
Já escolhi meu lado – e ele é evidente.
E é bom que fique bem exposto que não há como ficar no meio, não há como defender tudo, não há como dizer que defende a redução dos gastos públicos concomitantemente a mitigação da pobreza: são coisas excludentes.
Bem, os dois caminhos estão delimitados, cabe a cada um decidir qual seguirá.
A pior escolha, porém, é permanecer alheio.
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